A produção de caminhões recuou ao patamar de 16 anos atrás. De acordo com dados divulgados no dia 8 de junho, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram fabricados entre janeiro e maio deste ano 36.346 veículos pesados — mesmo nível de produção registrado em igual período de 1999. “Tive de conferir o número três vezes”, duvidou o presidente da Anfavea, Luiz Moan, “Estava certo mesmo.”
Em relação ao mesmo período de 2014, a produção de caminhões acumula queda de 46,4%. Entre janeiro e maio do ano passado, as fábricas produziram 53.813 — o que já era uma base ruim em relação ao acumulado dos cinco primeiros meses de 2013, quando a indústria havia produzido 59.665.
A produção de ônibus apresenta redução de 27,6% no acumulado de 2015 ante ao mesmo período do ano passado. Foram fabricados 12.066 ônibus entre janeiro e maio, enquanto no mesmo período do ano passado a produção foi de 16.664.
Diante desse cenário, a Anfavea projeta um mercado interno de 77 mil caminhões este ano – queda de cerca de 45% em relação as 135 mil unidades comercializadas no ano passado. Para ônibus, a entidade prevê vendas de 20 mil veículos — redução de 28% frente as 32,8 mil unidades vendidas em 2014.
O presidente da Anfavea credita à falta de confiança do consumidor e dos investidores o baixo desempenho da indústria automobilística. Também contribuiu para o quadro negativo o aumento de juros, a seletividade dos bancos na concessão de crédito e a não-conclusão do ajuste fiscal por parte do governo federal.
Luiz Carlos Moraes, diretor de comunicação da Mercedes-Benz e representante de veículos comerciais da Anfavea, afirmou que não vê perspectivas de melhora para os próximos meses. “Já não temos esperança de uma reversão no próximo semestre”, disse. “Pode ser que o Plano de Infraestrutura e Logística que o governo federal vai anunciar possa dar resultados a médio prazo.”
Em consequência do baixo desempenho, 25 mil funcionários das linhas de montagens de vários montadoras estão em férias coletivas ou lay-off. Só entre os fabricantes de caminhões e ônibus, 7 mil estão paralisados.
Os pátios das montadoras e concessionárias de veículos em geral têm estoques que duram 50 dias, no atual ritmo do mercado. O ideal é que o estoque fique abaixo dos 30 dias.